Maputo (Canalmoz) – O “MISA Moçambique” disse que a Polícia disparou tiros contra jornalistas, quando entrevistavam o candidato presidencial Venâncio Mondlane, no local das manifestações marcadas para ontem, 21 de Outubro, para protestar contra os resultados eleitorais e o assassinato do advogado Elvino Dias e de Paulo Guambe, mandatário do partido PODEMOS.
Segundo o MISA, nota-se, em filmagens feitas no local, um cordão de segurança da Polícia antimotim a aproximar-se do local onde os jornalistas se encontram a entrevistar Venâncio Mondlane. A Polícia dispara e lança gás lacrimogéneo com intensidade, interrompendo a conversa, dispersando os jornalistas e criando tensão.
O MISA ainda não concluiu o levantamento dos danos causados pela má actuação da Polícia, mas tem registo de que houve ferimentos de alguns jornalistas que se encontravam no local.
“O MISA repudia o acto e apela às Forças de Defesa e Segurança para terem uma actuação profissional. Mesmo reconhecendo que a sua actuação pode requerer o uso de gás lacrimogéneo, tal não deve ser indevidamente feito e restringido o direito das liberdades de expressão e de imprensa. A Polícia deve, além de fazer dos jornalistas alvos, reconhecer a importância do seu trabalho de reportar os acontecimentos caóticos que estão a marcar o período pós-eleitoral para o país e o mundo, sendo, por isso, necessário garantir a sua protecção”, diz a nota.
O MISA exorta as autoridades a evitar o uso indevido da força e a respeitarem as liberdades de expressão, manifestação e de imprensa. Por outro lado, o MISA requer que seja feita uma investigação sobre este evento, para apurar se a Polícia actuou, ou não, dentro dos limites permitidos.
O MISA vai usar a sua posição de defensor dos jornalistas para tudo fazer para esclarecer e responsabilizar, caso seja aplicável, os agentes da Polícia que realizaram o grave ataque contra jornalistas.
Nestes tempos de tensão, o MISA aconselha todos os jornalistas a realizarem o seu trabalho cumprindo os protocolos de segurança, a fim de evitarem que sejam alvo da acção da Polícia e dos manifestantes. (Redacção)