A poluição causada pelas explosões e operações diárias está a transformar o distrito de Moatize num verdadeiro inferno.
Maputo (Canalmoz) – A população dos bairros “25 de Setembro”, Chithatha, “1.o de Maio”, Nhantchere, Liberdade, Malábué e Chipanga, no distrito de Moatize, na província de Tete, derrubou o muro de vedação da “Vulcan” e ameaça ocupar a mina onde esta empresa multinacional indiana explora o carvão, caso continue a poluir com poeira e não pare de criar, nas casas, rachas provocadas pelas explosões de dinamite na mina.
A população diz que a “Vulcan” tem uma de duas saídas, se quiser continuar a operar em Moatize: retirar e realojar condignamente os residentes destes bairros, ou fechar a mina até que haja uma solução.
Betuel Marcelino, da Associação dos Direitos Humanos em Tete, disse que, para os moradores de Moatize, a paralisação das actividades da “Vulcan” seria imediata.
“Quem de direito deve reagir. A comunidade não tem interesse em continuar a viver num lugar inapto. O que queremos é a vontade política e administrativa, que não está a existir”, disse.
Acrescentou que já procurou conversar com a empresa, e não houve abertura para se discutir os detalhes sobre o reassentamento.
“O futuro é incerto, mas uma coisa é certa. É necessário que haja humanismo. É necessário preservar o bem maior que são os recursos naturais”, afirmou.
Maria Sabão, residente em Moatize disse, que quando há explosão, o céu fica cinzento, o ar carregado, e não se pode ficar durante muito tempo ao relento.
“Nas noites, sofremos por causa da mina. Estamos cansados. As casas estão a cair aos pedaços. O presidente do Conselho Municipal de Moatize, Carlos Portimão, nada faz por nós e diz que anda sem tempo.”
Maria Sabão disse que a poeira do carvão entra na comida e suja a roupa. “Gostaríamos de sair, mas, primeiro, as actividades da mina devem parar.”
Edmundo Moreira, outro residente em Moatize, disse que a mina está a cinco metros das residências, mas só cinco por cento da população é que está a trabalhar na mina.
“Se não dá para reassentar, que fechem a mina e vão embora. Removemos a vedação, só falta entrarmos na mina”, afirmou.
Por seu turno, Hermenegildo Macie, disse que, devido à poeira, a maior parte da população de Moatize, quando vai ao hospital, é diagnosticada com doenças respiratórias e tuberculose.Ler mais na versão PDF, mediante subscrição.