Maputo (Canalmoz) – Seis meses depois, continuam na mesma situação as comunidades de Mudumeia, Mboene, Macaringue, Bhomo, Tchalo e Bairro 7, cujas machambas, campos de pastagem e fontes de água foram afectadas pela lama resultante do rompimento da bacia de retenção de resíduos tóxicos da empresa chinesa “Ding Sheng”, que extrai areias pesadas no distrito do Chibuto, na província de Gaza.
A bacia já rompeu três vezes, tendo provocado vítimas mortais e destruição de culturas e contaminação de rios e lagoas.
O “Canalmoz” visitou o distrito do Chibuto na semana passada, depois do último rompimento em Março, e constatou os rastos de um desastre ambiental que ainda continuam no rosto dos camponeses. A “Ding Sheng” continua a drenar resíduos para a planície durante a noite.
Jossias Mboene, residente no Bairro Tchalo, disse que, no mais recente rompimento da bacia, perdeu culturas de milho, feijão, amendoim, gergelim, cana-doce, bananeiras, folha de abóbora e batata-doce.
Disse que a água do poço que a comunidade usava para beber e cozinhar ficou contaminada com lama. “O campo de pasto de gado ficou alagado com lama. Neste momento, caminhamos cinco quilómetros para pastar os animais. A lama também bloqueou algumas vias de acesso e abriu crateras até cinco metros”, afirmou.
Alice Macano, residente no Bairro 7, disse que perdeu arroz, bananeiras, inhame. “Estou a engordar por causa da água e não sei se estou doente. Talvez a morte esteja a aproximar-se. Neste momento, o que nos preocupa é como serão as nossas vidas daqui para a frente. Temos poços, rios e lagoas contaminados”.
Domingos Chana, líder comunitário de Mudumeia, disse que além de Mudumeia, a lama assolou as comunidades de Mboene, Macaringue, Bhomo e Gogoto. E disse que, depois de perder os campos de pasto por causa da lama, no novo local onde se refugiaram encontram dificuldades em pastar o gado, pois a empresa “Capela” está a discriminar o gado vindo doutros pontos, alegando que pode estar a transportar doenças.
“O gado deve pastar no mesmo lugar, porque o prazo concedido para a empresa ‘Capela’ explorar a planície já venceu. Já informámos ao Governo distrital, mas, até ao momento, não temos resposta”, disse.
Marta Francisco disse que está a passar por dias difíceis. Afirmou que produzia arroz para alimentar os seus dois filhos. “Vendia banana aos chineses para comprar cadernos, mas a machamba ficou alagada. O matope secou, mas as bananeiras já não produzem”, disse.Ler mais na versão PDF, mediante subscrição.