Por Edwin Hounnou
O Dia 25 de Junho era suposto que fosse da Independência Nacional, o dia em que Moçambique se tornou independente de Portugal, potência, então colonizadora. Seria a partir desse dia que os moçambicanos passariam a ser donos do seu destino. Seriam eles a construir o seu futuro, a determinarem o que melhor desejam para si.
No Dia de Junho de 1975, a maioria dos moçambicanos ganhou, apenas, a bandeira e o BI (Bilhete de Identidade) que os identifica de entre os demais cidadãos de outros países. A independência perdeu-se quando os novos governantes decidiram comportar-se como colonos e, em algumas circunstâncias, muito pior que o colono que nos oprimia e explorava. O colono branco era mau, mas, o novo colono preto é selvagem.
O Dia 25 de Junho deixou de ser o dia da liberdade, da quebra das algemas do colonialismo e passou a ser o dia da troca de turno dos antigos colonos de cor branca pelos novos colonos de cor preta, constituídos pelas elites do partido Frelimo. O Dia 25 de Junho perdeu o seu significado quando a FRELIMO (não partido Frelimo) expulsou o regime colonial. Os moçambicanos esperavam por um Moçambique de liberdade, paz e desenvolvido. Não se esperava que Moçambique fosse um dos países mais do mundo.
No lugar de sermos uma zona libertada da humanidade, indivíduos ligados ao partido Frelimo transformaram o país todo em terra da opressão, de prisões arbitrárias e de fuzilamentos à margem da lei. Implantaram um manto de um futuro incerto e inseguro para todos os que não fossem do partido Frelimo. A Frelimo torrou a esperança do povo.
Ainda está fresca na memória de muitos o refrão que dizia que quem não é da Frelimo, o problema é dele. Isso até mete medo. É um alto nível de intolerância. A Frelimo nunca aceitou um pensar diferente e isso tem levado a convulsões políticas e sociais e já tivemos uma fratricida de consequências catastróficas.
Em Moçambique, depois do Dia 25 de Junho em diante, alguém depois de ver o pôr-do-sol constituía uma incerteza se teria a mesma oportunidade se voltaria a ver a luz do dia seguinte, se acordaria numa prisão ou internado num campo de reeducação. O dia seguinte era uma incógnita por decifrar. Havia mil e um perigos à volta das pessoas. Ninguém sabia quando seria preso e internado num campo de reeducação, igual aos campos dos tempos stalinistas ou naziztas.
Ninguém se sairia de lá para casa ou para campos de fuzilamentos. O amanhã de cada moçambicano estava nas mãos de algumas pessoas que se intitulavam de libertadores do homem e da pátria.
Ler mais na versão PDF, mediante subscrição.